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RECONSTRUIR PORTUGAL

 

DO PROGRESSO

 

 

 

Contrariamente ao que governantes e médias nos dizem, nem todo o progresso vai no sentido de um aperfeiçoamento das sociedades ou de um acréscimo de bem-estar para as suas populações, bem pelo contrário. Quando o progresso é meramente tecnológico, ignora a individualidade, marca suprema da experiência humana, acaba por ser portador de mudanças nefastas para a nossa espécie e para a natureza.

A eficácia tecnológica ao serviço da produtividade em áreas económicas como a agricultura, as indústrias e os serviços favorece a voracidade do capitalismo neoliberal, enriquece os grandes aglomerados económicos e é ao mesmo tempo sinónimo de degradação social, de caos económico, de miséria humana.

Em todo o planeta, o extraordinário excesso de consumo das sociedades ditas desenvolvidas acabou por romper as frágeis barreiras dos ecossistemas cujas consequências estão a levar a humanidade para uma extinção inevitável: mudanças climáticas, poluição letal, esgotamento dos recursos alimentares e energéticos.

Chamam progresso a um sistema cujo objectivo é incutir nos cidadãos, uma cultura especificamente consumista, em vez de prever e combater as catástrofes naturais, esse progresso provoca outras catástrofes ainda mais mortíferas! Imposto pelo neoliberalismo, ele está nos antípodas do verdadeiro progresso, é responsável pela redistribuição injusta da riqueza mundial, pelas desigualdades sociais que atingem proporções abismais em todas as nações do planeta, pela descida ao inferno de um terceiro mundo versão século 21, de todas classes médias ocidentais.

Já se advinha nas convulsões sociais que agitam hoje as populações europeias e americanas o amanhecer de um mundo de horrores.

Segundo relatórios do Crédito Suíço, uma nova classe mundial emergente, composta por mil milhões de produtores-consumidores, será suficiente para fazer funcionar e economia global! 60% dessa população habita a Ásia, e substituirá, favoravelmente, muito em breve, as actuais classes médias ocidentais.

Isso quer dizer que a economia mundial dirigida pelos ideólogos do neoliberalismo e da sua frente mercantil, a globalização, prescindirá, num futuro muito próximo, de milhares de milhões de seres humanos, na sua esmagadora maioria, ocidentais. Essa humanidade composta por legiões de desempregados, actuais e futuros, catalogada, definitivamente, excedentária, desnecessária tornar-se-á totalmente inútil para a organização socioeconómica da nova ordem, o Poder Privado Global.

Abandonados, marginalizados, esses novos párias da mundialidade acabarão por desaparecer tragados por um sofisticado programa de exterminação: epidemias localizadas, pandemias continentais, conflitos e guerras étnicas ou nacionais, atentados e outros meios altamente eficazes de morte certa e discreta.

Se este genocídio das classes médias ocidentais, visível a olho nu, está a decorrer nos bastidores do grande palco ocidental é que, para os ideólogos deste novo totalitarismo, chegou a hora de pôr a funcionar a primeira fase do “grande desígnio” da ideologia neoliberal: tornar inofensivas as classes sociais que são a alma da consciência colectiva, a vanguarda das mudanças humanistas, despejando-as nas pocilgas da nova pirâmide civilizacional.

Será dado, então, o primeiro passo para a sociedade do futuro, o colectivismo neoliberal, versão modernizada do colectivismo estalinista. Os ideólogos e funcionários desta sociedade do progresso supra tecnológico já começaram a encaminhar-nos, sub-repticiamente, para os matadouros da história, vogamos, inconscientes, cloroformizados, como simples destroços ou dejectos na gigantesca enxurrada da contemporaneidade.

Uma outra civilização terá que despontar e desenvolver-se para preparar o futuro da humanidade. No lugar do anunciado extermínio da humanidade rejeitada, façamos surgir uma humanidade ressuscitada das trevas, salva e abençoada por uma esperança da última hora, combatamos o totalitarismo neoliberal e reorganizemos as sociedades civis na Europa e em todo o mundo.

A futura Europa não se parecerá em nada com a Europa da união, comissão, parlamento e conselho.

Tecnocratas, burocratas e altos funcionários do neoliberalismo passarão à história, varridos pelo despertar dos povos.

Não haverá mais classes, a revolução que oporá o novo ao velho, a harmonia ao caos, marcará o fim das poderosas elites que se apoderaram do mundo nas últimas cinco décadas, as massas espezinhadas nos guetos da pobreza transportarão com elas as leis da nova sociedade e todos os povos da Terra, inspirados pelos valores da cidadania globumanista saberão estabelecer entre eles laços de solidariedade, deixarão de se opor pela concorrência económica, aceitarão a partilha das riquezas, do trabalho e do conhecimento. A aplicação global dos novos princípios conduzirá obrigatoriamente as nações a uma economia equilibrada em termos ambientais e civilizacionais.

O progresso será útil e fecundo, será humano.

 

 

 

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