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NATALIDADE VERSUS DESNATALIDADE

 

 

 

Malthus, o profeta

 

 

A crescente procura de energias fósseis, responsáveis pela emissão de gazes com efeito de estufa (dióxido de carbono), a penúria do recurso mais importante para a vida, a água, a estagnação da produção agrícola, por causa da utilização excessiva e desregulada dos solos, a irracional exploração dos recursos marítimos, a desflorestação de zonas tropicais, os danos irreversíveis na biodiversidade e nos principais ecossistemas, a extinção em massa da flora e da fauna, a letal poluição do ar, dos rios, dos mares, dos solos e dos subsolos, a incineração de lixo industrial/urbano, a disseminação de produtos tóxicos (pesticidas, dioxinas, metais pesados e resíduos nucleares), eis alguns exemplos de atentados ecológicos cujas causas ocupam duas palavras: sobrepovoamento humano.

As previsões de Malthus podem estar prestes a concretizarem-se. Com uma população a aumentar, exponencialmente e a cada vez maior penúria dos recursos naturais e alimentares, como poderão sobreviver os 9 mil milhões de habitantes que, em 2050, povoarão a Terra? Fantasias ou previsões realistas ? Malthus, ignorado, apostrofado, pássaro agoirento! E todavia, os seus escritos parecem-se cada vez mais pertinentes e as suas alertas um grito de perigo iminente!

Cada dia que passa o planeta conta com mais 232.000 habitantes. Isto é: mais 232.000 pessoas a alimentar, a vestir, alojar, a transportar, a assistir na saúde, na escolaridade, etc.

Os primeiros mil milhões de seres humanos foram atingidos por volta de 1800; foram precisas dezenas de milhares de anos para chegar a essa população. Ora para atingir o dobro, 2.000 milhões bastou 130 anos. Mas em 1987 já havia 5.000 milhões, em 1999 seis mil milhões e em Outubro de 2011 foi atingido o número de 7.000 milhões!

Se não travarmos esta progressão com a máxima urgência, em 2025 seremos 8.000 milhões e em 2050, mais de 9.000 milhões.

A organização Global Fooprint Netwrok, já alertou os governos: se a progressão do consumo actual em alimentação se mantiver serão necessários dois planetas Terra para alimentar as populações humanas e para absorver os seus detritos. Hoje para alimentar a população mundial “normalmente” dever-se-ia aumentar a produção agrícola de 30%. Em 2050 será necessário o dobro da produção actual.

O consumo de água será a nossa tragédia número um! Se hoje uma parte importante da população mundial não tem acesso a água potável e mais de 700 milhões não têm água suficiente para as suas necessidades básicas em 2025, esse problema global poderá atingir 3.000 milhões de pessoas, um terço dos 9 mil milhões de pessoas previstos. A poluição de água potável pelos dois milhões de toneladas de detritos derramados hoje em todo o mundo atingirá em 2020 valores astronómicos!

 

 

A irresponsabilidade criminosa dos governantes e das instituições internacionais

 

Entretanto, o consumo mundial de petróleo continua a subir, em 2020 terá aumentado 60% e o consumo alimentar 15%! Só na China, o consumo de carne aumentou 150% na última década.

Em 2020 a circulação de automóveis em todo o mundo chegará aos mil milhões 300 mil e o consumo do carburante terá atingido o dobro de hoje.

Os nossos governantes, as nossas elites intelectuais, os nossos gurus da economia hiperglobal continuam a ver o mundo em cor-de-rosa!

As previsões malthusianas adiadas pela revolução industrial primeiramente, em seguida pela revolução verde continuam válidas! Basta olhar para o caso da China e da Índia para compreender que a capacidade do nosso planeta para alimentar indefinidamente a humanidade é um slogan irresponsável, diria mesmo criminoso, dos nossos governantes e de alguns peritos em demografia.

A natalidade em todos os continentes, com uma clara excepção da Europa esclarecida e democrática, está em franco crescimento, com picos aberrantes como por exemplo no Niger onde a média por mulher é de sete crianças. Se acrescentarmos a esta natalidade desenfreada, os progressos da higiene e da medicina que contribuem para retardar a mortalidade e aumentar o tamanho da população mundial, é certo que dentro de duas ou três décadas ver-nos-emos confrontados, - pura matemática (!) - com uma tragédia planetária devastadora: penúria generalizada de alimentos, de água, de energia. E as pessoas gladiar-se-ão para simplesmente, poderem sobreviver.

 

 

Natalidade ou desnatalidade ?

 

As consequências de uma natalidade sem freio não se ficam apenas pela penúria dos recursos naturais e pela destruição ambiental. Uma tragédia terrível está-lhe associada. Na totalidade de crianças nascidas cada ano, quantas serão vítimas da fome? Só em 2007, segundo LaureWaridel, eco socióloga, seis milhões de crianças morreram antes de atingir a idade de cinco anos. As suas famílias não puderam ter acesso a terras agrícolas ou comprar comida.

Quantas crianças nascidas em países de grande natalidade, terão acesso a condições normais de desenvolvimento mental, psicológico e afectivo? Quantas conhecerão o amor e a protecção dos seus pais?

Quantas não serão vendidas pelos próprios progenitores por razões de miséria extrema?

Nos países do terceiro-mundo asiático onde quase toda a produtividade está dependente do trabalho escravo, a predominância de crianças é incontestável.

São mais de 300 milhões, com idades entre 5 e 14 anos. 60 milhões trabalham em condições consideradas extremamente perigosas, como por exemplo, em fábricas de braceletes em vidro, em Firozabad, no Estado do Uttar Pradesh, na Índia, onde a extracção deste material em fusão, atinge temperaturas entre 1.500 e 1.800 graus. No mesmo Estado, em Varanasi, uma cidade turística conhecida pelos seus templos e pelo fabrico de tapetes e saris bordados à mão, poderosos gangs, a soldo dos patrões locais retém, prisioneiras, em ateliers e fábricas, mais de 200.000 crianças escravas. Na Ásia, na África e na América Latina, nas fábricas, nas plantações, nos serviços domésticos, na prostituição, a trabalhar em empresas locais ou para multinacionais (Mattel, Barbie, Hasbro, Monopoly e tantas outras), os lucros do sangue e da morte das crianças escravas enche os cofres das empresas predadoras e enriquece os seus patrões e accionistas.

Milhões de crianças dos países pobres, em todo o mundo, têm pela frente, ao longo da infância, não só o drama da miséria, mas também, um lento extermínio, levado a cabo por quem lucra com o trabalho escravo, com a prostituição infantil e com o tráfico de órgãos.

As crianças que sobreviverem tornar-se-ão adultos marginalizados, estigmatizados pela pobreza, sem a mínima instrução, nem bagagem cultural, sem recursos intelectuais, verdadeiro lixo humano.

Aceitar uma demografia responsável é deixar viver os vivos, prioritariamente.

Com o controlo da natalidade, a mortalidade infantil baixaria, já que haveria mais recursos naturais e humanos para as crianças da anterior geração.

Uma natalidade responsável, equilibrada, requer inteligência e compaixão, e é a única medida que poderá agir sobre o equilíbrio demográfico, a única que é amiga da humanidade e do ambiente.

Imaginemos que a partir deste ano 2015, cada mulher, em toda a Terra, limitaria a sua progenitura apenas a uma criança. Em meados da década de 50 deste século, os sete mil milhões desceriam para seis mil milhões. Em 2075, a população mundial baixaria para 3.500 milhões de seres humanos! Uma criança nascida hoje, poderia viver, aos 75 anos num mundo livre da ameaça de auto-extinção e dos efeitos letais da poluição. Por volta de 2100, a população mundial desceria para mil e 500 milhões, aproximando-se do número de habitantes que havia no princípio do século 20, antes das transformações impostas pela era industrial. O planeta tornar-se-ia, então, mais seguro do ponto de vista climático, os recursos naturais seriam suficientes para alimentar convenientemente e de uma maneira equitativa, todas as crianças e todos os adultos do mundo e, se excluirmos uma eventual ameaça de qualquer asteróide errante, a humanidade poderia repartir para uma era radiosa, fortalecida pelos avanços, mais do que extraordinários que a ciência continuaria a nos oferecer.

 

 

 

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